30/01/2008

MELADO DE LUZ E COR



Bienal

Desmaterializando a obra de arte do fim do milênio

Faço um quadro com moléculas de hidrogênio

Fios de pentelho de um velho armênio

Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta


Teu conceito parece, à primeira vista,

Um barrococó figurativo neo-expressionista

Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista

Ao cabo da revalorização da natureza morta


Minha mãe certa vez disse-me um dia,

Vendo minha obra exposta na galeria,

"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da gia

E muito mais feio que um hipopótamo insone

"Pra entender um trabalho tão moderno

É preciso ler o segundo caderno,

Calcular o produto bruto interno,

Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,

Rodopiando na fúria do ciclone,

Reinvento o céu e o inferno


Minha mãe não entendeu o subtexto

Da arte desmaterializada no presente contexto

Reciclando o lixo lá do cesto

Chego a um resultado estético bacana


Com a graça de Deus e Basquiá

Nova York, me espere que eu vou já

Picharei com dendê de vatapá

Uma psicodélica baiana


Misturarei anáguas de viúva

Com tampinhas de pepsi e fanta uva

Um penico com água da última chuva,

Ampolas de injeção de penicilina


Desmaterializando a matéria

Com a arte pulsando na artéria

Boto fogo no gelo da Sibéria

Faço até cair neve em Teresina

Com o clarão do raio da siribrina


Desintegro o poder da bactéria

Zeca Baleiro -



3 comentários:

  1. caramba Ad so vc mesma pra criar aum blog tão genial curto bastante artes apesar de naq~ser artista coisa nenhuma
    valeuuuuuu

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  2. Lindo Adiiii!!!!


    bjos, Tati :)

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  3. Adiii amei!!!!


    bjoooooo ;***

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