19/08/2009

O dia em que o PIG falou a verdade.



Por Luana Bonone*

"A sabedoria popular diz que no amor e na guerra vale tudo. Na guerra feroz entre Globo e Record está valendo até fazer algo que não é do feitio do PIG (Partido da Imprensa Golpista): dizer a verdade!

Globo e Record revelam verdades uma a respeito da outra que já eram conhecidas dos movimentos sociais e de todos aqueles que se dedicam a estudar um pouquinho da história da comunicação no Brasil, mas ignoradas pela maior parte da população que assiste diariamente o Jornal Nacional... opa! Quer dizer, a maioria que agora assiste o Jornal da Record. E essa é exatamente a bronca da poderosa Globo: os índices de audiência do Jornal Nacional (JN) caíram, aliás, não só do JN, a Record chegou a ficar como líder de audiência por cinco horas seguidas em um único dia. Assim começou essa briga de cachorros grandes.

De um lado do ringue, com 44 anos de concessão, liderança de audiência e 48% de toda a publicidade oficial investida pela União (isso mesmo, verba pública!) só para o seu canal de TV, a poderosa Rede Globo da família Marinho, abençoada, naturalmente, pelo próprio Papa. Na outra ponta, com índices de audiência em ascensão, a bênção (e outras “cositas mas”) da Igreja Universal do Reino de Deus, e várias ex-estrelas globais, a Rede Record do bispo Edir Macedo.

Primeiro round
A poderosíssima começou batendo forte: na manhã do dia 11 de agosto, as manchetes de praticamente toda a imprensa escrita brasileira eram uníssonas: “Edir Macedo e mais nove viram réus por lavagem de dinheiro” (este título é do Estado de S. Paulo). No mesmo dia o tema entrou na pauta do JN e não saiu mais. Todos os dias mais denúncias acerca de como a Record foi construída com a contribuição dos fiéis da Igreja Universal. E para desqualificar a igreja, repórteres da Globo foram até os cultos gravar os apelos dos bispos para que os fiéis se desfaçam de seus bens materiais em favor da igreja, e para alcançar suas graças, é claro.

A Record respondeu com um verdadeiro documentário sobre a relação histórica e indecorosa da Globo com a Ditadura Militar, sobre como a Globo manipulou o debate entre Lula e Collor em 89, sobre o direito de resposta que Brizola ganhou na Justiça, sobre como a emissora escondeu os movimentos “Diretas Já!” e anos após o “Fora-Collor” pelo tempo que conseguiu, e a Record vai além, refere-se aos atuais proprietários da concessão como “um dos filhos Marinho” e ainda denuncia a Rede Globo por “monopólio”, com este termo.

Segundo round
Mas, além de um extenso patrimônio que vai desde jornal impresso até a rede de TVs, passando por rádio, portal na internet, etc., a Globo tem cachorrinhos adestrados a seu serviço, e rapidamente acionou o mais fiel deles: a revista Veja, que nesta semana discorre sobre a briga das emissoras em nove páginas dedicadas a expor a “ambição” do bispo Edir Macedo. A revista afirma que os índices de audiência da Globo permanecem o triplo da Record, desconsiderando que há horários em que a emissora ligada ao bispo tem batido o empreendimento da família Marinho todos os dias, como é o caso do reality show A Fazenda (não dava pro PIG se manter tão sincero por muito tempo... acho que a verdade provoca urticárias nos filhotes Marinho e na famiglia Civita). Vamos aguardar a resposta da Record a este flanco de ataque.

Bastidores
Enquanto o Brasil assiste ao embate aberto entre as emissoras que brigam pela audiência com programações que a cada dia perdem em qualidade, nos bastidores, a Abert (Associação Brasileira das Empresas de Rádio e TV) — que tem a Globo e a Record como associadas — se retira oficialmente do processo da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). As emissoras também se unificam em outro ponto: a campanha aberta de desmoralização do Senado e a tentativa de atingir a ministra Dilma Rousseff, pauta sempre seguinte à matéria do arranca-rabo entre as emissoras nos respectivos jornais.

Briga de cachorro grande
Bom, em briga de cachorro grande não é aconselhável se meter... até porque se qualquer mortal se mete no meio desses dois verdadeiros pit bulls, a nova disputa será quem dá a primeira patada certeira na presa que se apresenta. Assim, penso que a reação dos movimentos sociais e ativistas pela democratização da comunicação em geral deve ser direcionada a quem cria estas feras: o Estado. E o melhor espaço para cobrar que se ponha focinheira nos pit-bulls eletrônicos é a Confecom.

Utilizemos todas as denúncias da Globo em relação à Record e vice-versa. Utilizemos os instrumentos que o PIG nos deu no dia em que disse a verdade. Mas utilizemos no flanco certo, para garantir que seja fortalecido um sistema público de rádio e TV, para que as rádios comunitárias parem de ser perseguidas e fechadas, para que haja uma gota ao menos de republicanismo no trato das concessões. É na Conferência de Comunicação que podemos unificar outras vozes por um novo marco regulatório para a comunicação no país.

Em tempo, as focinheiras não são para que as feras deixem de se atacar (que morram!), e nem para impedir que haja liberdade de imprensa, objeto sagrado de defesa aos que querem ampliação da democracia no país. Entretanto, contra a liberdade de “empresa” e em defesa da liberdade de imprensa de fato, é preciso democratizar o acesso aos veículos, e é preciso regulamentar o funcionamento dos meios de comunicação, pois há emissoras que já cumpriram todos os critérios da lei vigente para perder as concessão e ainda assim apenas três ou quatro famílias são donas de todas as opiniões que são propagadas no país, oligopolizando o espaço do debate público brasileiro.

As focinheiras não são nenhuma espécie de censura, são, antes, alusão a um artigo raro na comunicação brasileira: regulamentação. Para que os pit bulls eletrônicos parem de agredir algo tão caro aos brasileiros e brasileiras que sempre lutaram e continuam lutando em prol do Brasil: a nossa democracia."
(Ver também o documentário 'Muito além do Cidadão Kane' - Documentário da BBC sobre a Rede Globo. Está disponível no Youtube e na barra de vídeo aí ao lado:
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07/08/2009

Produtores culturais terão treinamento na Unimontes


No próximo dia 13, será realizado na Universidade Estadual de Montes Claros o treinamento que visa a preparação de empreendedores culturais para a entrega de projetos com vistas ao atendimento das diretrizes do Edital 2009, da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, a ser lançado pelo Governo de Minas. O curso será ministrado no prédio 2 do Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro, das 14 às 17 horas.

Gratuita, a iniciativa é da Secretaria de Estado da Cultura, com o apoio da Unimontes, por intermédio da Pró-Reitoria de Extensão. O objetivo do curso é de ampliar o acesso aos benefícios da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, estimulando e qualificando os gestores culturais e demais profissionais da área para o planejamento e a elaboração dos projetos a serem apresentados no Edital 2009.

O gestor cultural da Secretaria de Estado de Cultura, Flávio de Tarso, é quem ministrará o curso. Serão repassadas informações sobre o entendimento da legislação cultural vigente e de sua dinâmica de funcionamento. Os participantes também vão receber orientação sobre o correto preenchimento dos formulários para apresentação de projetos à Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

As inscrições podem ser feitas junto à Pró-Reitoria de Extensão – Coordenadoria de Extensão Cultural -, no prédio da Reitoria, no horário das 7 às 19 horas. Mais informações pelo telefone: (38) 3229-8165.

LEI DE INCENTIVO À CULTURA - A Lei Estadual de Incentivo à Cultura (de nº 12.733/97) é um mecanismo que possibilita a realização de importantes projetos culturais no Estado. A legislação foi alterada em 2008 pela Lei nº 17.615/2008 e regulamentada pelo decreto nº 44.866/2008, em vigor, e tem como base o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Todo contribuinte que apoiar financeiramente projeto cultural poderá deduzir do imposto devido até 80% do valor destinado a realização de projeto cultural.

A Lei de Incentivo faculta a participação de pessoa física ou jurídica comprovadamente estabelecida em Minas Gerais há pelo menos 1 ano, com objetivo e atuação prioritariamente culturais expressos em contrato social ou estatuto, com atuação efetiva na área cultural. O incentivo é realizado através de dedução fiscal do ICMS e pode ser praticado por empresas com faturamento anual acima de R$ 2,4 milhões. Em 11 anos de funcionamento, a Lei já aprovou mais de 7.000 projetos.

Nota do PCdoB sobre bases militares estadunidenses na Colômbia.

4 DE AGOSTO DE 2009 - 19h00

América do Sul deve continuar uma região de paz, afirma PCdoB

“A decisão de Álvaro Uribe de assinar acordo concedendo cinco novas bases militares aos Estados Unidos é uma grave ameaça à América do Sul, praticada por um governo que novamente se presta ao serviço de peão do imperialismo na região, em contradição com a tendência contrária, de corte progressista e antiimperialista que avança no subcontinente”. Este é o teor da nota publicada a seguir, assinada por Renato Rabelo, presidente do PCdoB, e José Reinaldo Carvalho, secretário de Relações Internacionais.

A decisão dos Estados Unidos e da Colômbia volta a causar instabilidade na América do Sul, a exemplo do que ocorreu no ano passado, quando a violação feita pela Colômbia do território equatoriano já havia sido objeto de rechaço unânime dos países da América Latina.

Cai a mascara do famigerado Plano Colômbia. Após a falsa propaganda de “combate ao narcotráfico” no período Bush, sob Obama, se explicita seu objetivo real: criar uma ponta-de-lança, uma cabeça de ponte para favorecer a concretização dos intentos agressivos do imperialismo estadunidense contra os países soberanos da América Latina. Além disto, tem a função, no histórico de intervenções do imperialismo estadunidense na região, de ser ponto de apoio para novas investidas militares estratégicas, como são as mais de oitocentas bases militares norte-americanas ao redor do mundo.

Nos últimos anos, o imperialismo norte-americano perdeu terreno na América do Sul. Sua mais recente investida, a tentativa de instalar uma base militar na localidade de Mariscal Estigaríbia, no Paraguai, foi frustrada com a eleição do presidente Fernando Lugo. Forças militares do imperialismo que “assessoravam” as Forças Armadas bolivianas, foram obrigadas a se retirar do país com o advento do governo de Evo Morales. Mais recentemente, a Assembléia Nacional Constituinte do Equador determinou a proibição de bases militares estrangeiras no país.

Entretanto, os EUA seguem buscando incrementar sua presença militar na América do Sul. Além de robustecer a presença militar na Colômbia, mantém bases aéreas ligadas ao Comando Sul (SouthCom) na Amazônia peruana e trabalha por efetivar bases nas Guianas. Em meados do ano passado foi relançada a 4ª Frota da Marinha de Guerra dos Estados Unidos, integrada por belonaves a propulsão nuclear e que são ao mesmo tempo plataformas de lançamento de mísseis com ogivas nucleares.

As novas bases norte-americanas na América Latina junto com a criação da Quarta Frota Naval, põem em xeque o discurso de cooperação de Obama na Cúpula das Américas e andam juntas com a reação direitista em Honduras que resultou na cassação do presidente Manuel Zelaya. De conjunto, são reações ao ascenso de uma tendência progressista na região.

Apoiamos a reação do presidente Lula – que relacionou o ato à criação da Quarta Frota – e do Itamaraty diante das novas bases norte-americanas às portas da Amazônia brasileira, naquilo que representa uma ameaça direta a nossa soberania nacional.

Pela imprensa, Álvaro Uribe anuncia que virá se explicar numa viagem pelos países da América do Sul, ao mesmo tempo em que declara recusar-se a participar da reunião da Unasul e do Conselho Sul-americano de Defesa (CSD), convocada pelos presidentes Lula e Bachelet para discutir o assunto, na próxima segunda-feira, 10 de agosto, por ocasião da investidura do Equador na presidência de turno da Unasul. O presidente colombiano não tem nada que explicar, a não ser a seu próprio povo por crime de traição nacional ao país e deve recuar imediatamente de seus intentos.

Defendemos a posição dos povos latino-americanos, hoje compartilhada por muitos governos na região, de que a América do Sul deve continuar sendo uma zona de paz no mundo.

São Paulo, 4 de agosto de 2009
Renato Rabelo, presidente nacionalJosé Reinaldo Carvalho, secretário de RI