Sempre, sempre que chego na Universidade me indigno com aqueles muros cinzas enormes a subir o morro e dar a volta na Unimontes.
Por incrível que pareça a Unimontes é cercada pelos bairros:
- Vila Mauricéia: Endereço oficial da Universidade que consta nas agências dos correios. Bairro simples conhecido como morro. Fica entre bairros nobres à direita, e à esquerda. Mas ali não há o olhar das autoridades. Não tem água corrente e a energia elétrica é levada até as humildes casas através de gambiarras.
- Jardim Panorama: Bairro tido como nobre, com grandes casas. As ruas em ladeiras, mas não é morro!É o pé, “muito chic”, do morro.
- Todos os Santos: Bairro nobre, que deveria ter características universitárias mas tanto os aluguéis, quanto os condomínios e a alimentação são caríssimos.
- Vila Oliveira: Este é "O Morro". Altas taxas de criminalidade, violência e miséria.
Todos os dias olho aquele muro a dizer às pessoas mais simples, que moram ali do lado mas não tiveram oportunidade de uma melhor educação: "Não entre! Aqui você não é bem-vindo. Fui colocado aqui para que vocês parassem de roubar o que não os pertence.”
Isso cresce em mim uma revolta!
Tinha apenas 12 anos quando li o livro de Humberto Eco que leva o título deste post.
O nome da minha Rosa é Unimontes. A 2ª melhor universidade do país, e a 1ª universidade estadual.
Seus muros, assim como o labirinto da biblioteca da Abadia de Humberto Eco, guardam a jóia mais preciosa: o conhecimento.
E esse não está à disposição de todos. É caríssimo!!! Quem o tem possui poder.
Poder? Mas que poder?
Não digo o poder do dinheiro que corrompe. Digo o poder de fazer algo para mudar e melhorar a vida de seus vizinhos. A minha Rosa ainda não tirou a viseira do burro de carga. Ela ainda não olha para os lados.
E nós que lá estamos? Qual é nossa obrigação?
Se conseguimos a duras penas lá chegar devemos espalhar, multiplicar o conhecimento que conseguimos àqueles que lá não podem estar conosco.
Uma universidade que vive do dinheiro de contribuintes, contribui pouco para a comunidade. Até aquela que está em torno de si, e que é tão necessitada de atenção, compreensão, perspectivas e etc.
A minha Rosa, tem carência de ensino, pesquisa e extensão. Mas ainda assim, se quisesse doar o pouco que tem, seria muito.
Aqueles que moram ao seu entorno, não se reconhecem nela. Assim ela sofre com vandalismo. Quando entro tenho a impressão que ela se fecha em botão e deixa a disposição seus espinhos escrito: “favor não incomodar”.
E você?Qual é o nome da sua Rosa?
Quebrar os muros e romper as correntes do atraso.
ResponderExcluirMinha Rosa sempre será você.
Te amo!
O Blog ta uma delícia!!! parabéns... depois que ler tudinho... comento algo que preste! só a prova de que realmente eu visitei... bjo!
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